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11 de Julho de 2025
Responsável por cerca de 9,5% do PIB brasileiro e movimentando mais de R$ 900 bilhões ao ano — conforme dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) —, o setor de saúde é um dos maiores empregadores do país e consumidores de recursos, como água, energia e materiais descartáveis.
Apesar disso, por muitos anos, permaneceu fora do foco principal das cobranças ESG (Ambiental, Social e de Governança), que recaíam sobre outras indústrias.
“O setor sempre foi visto como essencial por definição. A missão de salvar vidas funcionava como um escudo ético, o que gerou certa indulgência histórica com relação a impactos ambientais e práticas de governança - uma espécie de ‘vilão perdoado’ diante de sua nobre finalidade”, analisa Everton Tumilheiro, coordenador ESG no CEJAM.
Esse cenário, no entanto, já começou a mudar. Pressões regulatórias, exigências de investidores e aumento da percepção pública sobre os impactos negativos gerados pela atividade assistencial estão levando organizações de saúde a incorporar a sustentabilidade de forma mais sistemática.
Impactos transversais e responsabilidade ampliada
A saúde é naturalmente associada ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 3 - Saúde e Bem-Estar, mas especialistas alertam que o setor tem influência direta ou indireta em vários outros ODS da ONU, incluindo os que tratam de igualdade de gênero, trabalho decente, inovação, consumo responsável e ação climática.
Segundo Tumilheiro, a transversalidade da saúde oferece ao setor um papel estratégico na indução de boas práticas. “Além de ser um grande empregador, a saúde tem capilaridade social e um diálogo diário com a população, o que aumenta sua responsabilidade como agente de transformação social e ambiental.”
Com mais de 20 milhões de empregos diretos e indiretos e responsável por aproximadamente um terço da produção científica nacional, de acordo com dados do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) e da Scielo Brasil, o setor tem capacidade de liderar transformações que vão da educação ambiental ao combate à desigualdade social.
“O contato diário com milhões de pessoas e uma força de trabalho altamente capacitada permitem que o setor atue como agente de mudança em temas que extrapolam a assistência médica”, completa o especialista.
Passivos ambientais e desafios de governança
Entre os principais desafios ambientais estão a geração e o gerenciamento de resíduos, consumo de energia, uso de água e emissões indiretas de gases de efeito estufa. Nos Estados Unidos, por exemplo, o setor é responsável por cerca de 4,4 milhões de toneladas de resíduos plásticos por ano, segundo dados da Health Care Without Harm (HCWH).
No Brasil, a realidade é menos dimensionada por falta de dados consolidados, mas a preocupação com a gestão de resíduos e a destinação final já entrou na pauta de hospitais, operadoras e organizações sociais de saúde.
Tumilheiro chama a atenção também para o impacto climático. Emissões de gases de efeito estufa decorrentes de operações hospitalares, transporte de insumos e descarte de materiais médicos começam a atrair atenção de órgãos reguladores.
“A crise climática impacta diretamente a saúde pública, aumentando a incidência de doenças respiratórias, infecciosas e cardiovasculares. Então, há uma relação direta entre o que fazemos hoje em termos de gestão ambiental e a demanda futura por serviços de saúde”, explica.
No campo da governança, os riscos vão desde fraudes em compras públicas até problemas de rastreabilidade na cadeia de fornecedores. A própria OMS já alertou para os impactos da corrupção na qualidade e no acesso a medicamentos e serviços.
“Lidamos com recursos públicos e privados, cadeias complexas e um ambiente regulatório em constante atualização. Isso exige atenção constante à integridade e ao compliance.”
Da retórica à prática: um setor em transição
Ainda que o discurso ESG esteja mais presente, os avanços na prática são desiguais. Um levantamento da SITAWI Finanças do Bem mostra que, em 2023, apenas 27% das empresas de saúde listadas na Bolsa de Valores (B3) publicaram relatórios ESG com indicadores auditáveis.
Para Tumilheiro, a pandemia de Covid-19 funcionou como um catalisador de mudanças, mas o desafio agora é garantir que as boas práticas não fiquem restritas a momentos de crise.
“Muitas instituições passaram a olhar com mais atenção para temas como saúde mental, inclusão social e redução de impacto ambiental. Mas transformar isso em políticas estruturadas e metas de longo prazo ainda é um processo em construção.”
Iniciativas do CEJAM
O CEJAM é uma das organizações que têm buscado consolidar a agenda ESG dentro da governança institucional. Desde 2024, a entidade é signatária do “Pacto Global da ONU”, além disso conta com um “Programa de Integridade”, que inclui código de conduta, canal de denúncias e treinamentos regulares para gestores e colaboradores.
No pilar social, disponibiliza aos mais de 23 mil profissionais uma plataforma online de saúde mental como benefício, oferecendo suporte psicológico gratuito e conteúdos educativos que promovem o bem-estar emocional e qualidade de vida.
Do ponto de vista ambiental, passou a adotar insumos com menor impacto, como a substituição de luvas de PVC por alternativas menos poluentes, além de estimular o consumo de refeições de base vegetal em suas unidades de saúde. O projeto Descobrindo Sabores, feito em parceria com a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), levou pratos veganos ao cardápio de hospitais públicos.
“O desafio é tornar a sustentabilidade um eixo estruturante da gestão em saúde, e não apenas uma resposta a pressões externas ou a eventos pontuais”, finaliza Tumilheiro.
Fonte: Comunicação, Marketing e Relacionamento
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